Este artigo tem como objetivo apresentar o capital psicológico positivo. Se este assunto te interessa, siga a leitura.
Luthans (2004) propôs uma nova maneira de pensar sobre o capital que se pode aplicar a força de trabalho. De acordo com o autor, o trabalhador representa o ingrediente mais importante no contexto organizacional.
O capital tradicional envolve os ativos tangíveis de uma organização, como as instalações concretas, prédios, equipamentos, dados, patentes, tecnologia e utensílios. Historicamente os recursos físicos que compõe o capital econômico têm recebido a maior parte da atenção, porém isto está mudando.
Segundo Sveiby (2001), o valor de uma empresa, está cada vez mais condicionado a bens intangíveis, (como por exemplo, relacionamentos interpessoais, conhecimento, ideias, criatividade etc.), sendo que os bens tangíveis de uma empresa (terra, imóveis, instalações, equipamentos etc.) são cada vez mais parecidos entre si.
O Capital Psicológico Positivo, segundo Luthans (2004), vem ganhando importância a medida que o século XXI avança. Para o autor é hora de as empresas reduzirem sua dependência das fontes tradicional de capital e investirem no Capital Psicológico.
O capital psicológico quatro variáveis, a saber: a autoeficácia (Bandura, 1997), esperança (Snyder, 2002), estilo atributivo otimista (Seligman, 2002) e resiliência (Masten, 2001), que podem ser desenvolvidas como explicaremos s seguir:
Para Bandura (1997), a autoeficácia pode ser definida como as crenças das pessoas em suas capacidades de produzir efeitos desejados por meio de suas próprias ações e comportamentos. Segundo Maddux (2002), autoeficácia refere-se aquilo que a pessoa acredita poder fazer com suas habilidades em determinadas circunstâncias.
Assim, com base no exame do que precisa ser feito para atingir um objetivo a pessoa analisa sua capacidade de empreender as ações necessárias. Isto significa que, pensamentos de autoeficácia específicos sobre certas situações são cruciais antes das pessoas se lançarem a ações direcionadas a objetivos.
Capital psicológico positivo:
Existem algumas estratégias para aumentar a autoeficácia
Confira algumas estratégias para aumentar a autoeficácia quando se trata de capital psicológico positivo:
- Construir êxito por meio da definição clara de objetivos graduais.
- Utilização de modelos como forma de superar dificuldades.
- Imaginar o comportamento alvo sendo executado de maneira eficaz.
- Argumentação verbal.
- Técnicas para reduzir a excitação (como por exemplo, mindfulness e relaxamento) para aumentar a probabilidade de pensamento mais adaptativo e auto eficaz.
A esperança representa a capacidade de encontrar caminhos para objetivos, junto com a motivação e a agência para empregar esses caminhos.
De acordo com Snyder (2009), as pessoas com alta esperança têm configurações emocionais positivas e uma sensação de prazer oriunda de seu histórico de sucesso. A teoria de esperança propõe que a busca bem-sucedida por objetivos desejados, em especial quando se supera algum tipo de impedimento ou adversidade resulta em emoções positivas e em iniciativas continuadas de busca de objetivos.
Pessoas com alto nível e com baixo nível de esperança interpretam os obstáculos que existem na sua busca por objetivos de maneira diferente. Aquelas com alto nível de esperança interpretam os obstáculos como desafios, explorando rotas alternativas para alcançar seus objetivos.
Foi observado que os empregados com alta esperança possuem algumas características como:
- Cortesia com os colegas de trabalho e clientes, em especial durante interações difíceis.
- Não culpavam os colegas ou a administração, quando estavam em dificuldade.
- Estabeleciam objetivos de trabalho claros.
- Conseguiam se auto motivar, especialmente diante de circunstâncias difíceis.
Em suma, as pessoas com elevado grau de esperança têm maior probabilidade deter um bom desempenho em seu ambiente de trabalho, em especial se forem submetidas a ambientes estressantes ou desafiadores.
Segundo Seligman (2010), o estilo explicativo ou atributivo pode ser definido como a forma como explicamos para nós mesmos as coisas que nos acontecem. O estilo atributivo é formado até os sete anos de idade, mas pode ser modificado. Este determina até que ponto o indivíduo pode se tornar desamparado ou proativo diante de dificuldades.
Para Fortuna e Santos (2013), o estilo atributivo possui três dimensões: Permanência, Abrangência e Personalização. A permanência diz respeito a crença de que as causas dos maus acontecimentos são permanentes e persistentes e afetam tudo o que fazem. Os acontecimentos podem ser interpretados como permanentes ou temporários. Abrangência diz respeito à crença de que um aspecto da vida estando ruim é capaz de desestruturar todos os outros.
Assim, a abrangência corresponde às explicações universais para os insucessos ou específicas que se referem a um aspecto da vida. Personalização diz respeito explicações internas ou externas para as causas dos acontecimentos. Quando acontece algum coisa ruim a pessoa se culpa (explicação interna). Quando culpa outras pessoas ou as circunstâncias está processando a informação de maneira externa.
“Tornar-se Otimista consiste em aprender maneiras de falar consigo mesmo quando sofrer uma derrota pessoal, aprender a ver seus reveses de um ponto de vista mais animador” (Seligman, 1990).
Resiliência pode ser descrita, como a capacidade de resistir e lidar bem com a adversidade. Para Bonanno (1991), resiliência não significa falta de sentimento ou ausência de tristeza. O autor empregou o termo resiliência para identificar aqueles que em face a um trauma, mudança radical ou adversidade, foram capazes de seguir em frente, munidos com um senso de significado e motivação.
A resiliência psíquica pessoal é mais disseminada e passível de transmissão do que se costumava pensar. Essas têm raízes, não apenas nas crenças, valores, e personalidade, mas em hábitos mentais, que podem ser cultivados ou modificados (Zolli, 2013).
O sistema de crenças das pessoas resilientes permitem elas fazer reavaliações das situações e a regular suas emoções, “transformando limões em limonada”. Desta maneira, podemos dizer que as pessoas resilientes possuem o seguinte sistema de crenças:
1) crença de que é possível encontrar um significado na vida;
2) crença de que pode influenciar nos acontecimentos;
3) crença de que as experiências positivas e negativas levam ao crescimento e ao aprendizado.
A socialização ou redes sociais também parecem influenciar a capacidade de resiliência pessoal, ao passo que o isolamento social prejudica a mesma.
Estabelecer metas e planejar o futuro são fatores que podem ajudar a lidar com a adversidade, bem como a capacidade de acreditar em si mesmo e reconhecer as próprias qualidades.
Concluindo, à medida que o século XXI avança, as empresas reduzem sua dependência das formas tradicionais de capital, investindo em formas alternativas de capital, como o capital psicológico positivo. Este representa um intangível que pode ajudar a aumentar a eficácia e eficiência de uma organização.
Por: Profa. Dra. Mônica Portella (Doutora em Psicologia pela UFRJ; Pós Doutora em Psicologia pela PUC-Rio; Cordenadora do curso de Pós-graduação em Psicologia Positiva: uma Integração com o Coathing e Diretora do PSI+ Consultoria e Educação)