Monica Portella no Jornal O Dia | Genética e felicidade

Embora exista uma crença popular de que o sofrimento impede a alegria, as pesquisas não confirmaram isso. Elas apontaram apenas uma correlação moderada entre emoções negativas e positivas

Rio – Já não é de hoje que buscamos a fórmula da felicidade. Todos queremos saber como se faz para ser feliz. Pesquisadores da Psicologia Positiva resolveram participar desta busca e propuseram medidas que podem ajudar. Para Lyubomirsky, fatores como genética, circunstâncias da vida e atividades intencionais influenciam diretamente na nossa felicidade.

A primeira parte desta equação se refere às limitações que nossa genética impõe à felicidade. Ela é responsável por cerca de 50%. A fórmula indica que temos uma faixa fixa e herdada da qual não podemos fugir. Embora pareça ruim, isso nos protege nos priores momentos, pois sempre vamos voltar a nosso nível usual de felicidade.

A segunda parte da equação se refere às circunstâncias de vida (10%) como elementos externos – dinheiro, casamento, vida social, emoção positiva e negativa, idade, saúde, religião, educação, clima… Embora alguns desses elementos possam mudar a vida para melhor, a má notícia é que essas mudanças não são duradouras.

O terceiro fator é representado pelas atividades intencionais. A prática dessas atividades pode potencializar nossa felicidade e a boa notícia é que isso está 100% em nossas mãos: praticar a gratidão, investir nas relações sociais, administrar estresse e adversidades , viver no momento presente, comprometer-se com suas metas, cuidar do corpo e da alma.

Embora exista uma crença popular de que o sofrimento impede a alegria, as pesquisas não confirmaram isso. Elas apontaram apenas uma correlação moderada entre emoções negativas e positivas. Uma dose grande de sofrimento diminui a alegria, mas não nos impede o acesso à felicidade. O contrário também é verdadeiro: a felicidade não garante que nunca teremos momentos tristes. Outro dado interessante é que as mulheres experimentam emoções negativas e positivas com mais frequência e intensidade do que os homens.

Apreciamos muito pouco os acontecimentos positivos e damos ênfase excessiva aos negativos. Isso ocorre porque nosso cérebro não foi talhado para a felicidade. Temos quatro emoções inatas negativas, uma neutra e uma positiva.

A rapidez da vida moderna e nossa extrema preocupação com o futuro podem se insinuar de modo a empobrecer nosso presente. Estamos sempre em busca de fazer mais em menos tempo. Um bom percentual de nossa felicidade depende diretamente de nossa vontade. Dentro do uso dessa vontade, algumas ações vão levar ao prazer e outras, a gratificação. Entretanto os prazeres costumam ser intensos e imediatos, surgindo facilmente e indo embora de forma rápida, sem deixar realizações ou algo construído. São mero consumo de energia.

Por outro lado, as gratificações exigem esforço e habilidade no uso de nossas forças pessoais.. Embora seus resultados sejam duradouros e conquistados a médio e longo prazo, esses são fontes constantes de felicidade. Quanto menos atalhos procurarmos, melhor!

Monica Portella é doutora em Psicologia Social

FONTE: https://odia.ig.com.br/opiniao/2019/01/5609798-monica-portella–genetica-e-felicidade.html

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